quarta-feira, 26 de junho de 2013

Primeiras-Damas: Cuidado com a Polícia Federal!


por Sylvio Carlos Galvão

Não é possível transformar uma dama do lar em uma dama de todos os lares sem algum tipo de punidade ou de agraçamento. Toda mudança expõe pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças exatamente como pregam os entendidos de marketing. A vida é sim multidisciplinar a partir de dentro de nós e nossos lares e por isso que a aprendizagem contínua, tanto formal quanto informal, é um dever e não direito de quem quer ter vida longa com qualidade de vida. Além de tudo isso, nunca se pode deixar passar uma verdade incontornável que é a presença de riscos em todos nossos momentos. Devemos saber nos proteger deles e se possível for sendo melhor ainda, transformá-los em vantagens.
Levando o que foi dito a sério, constata-se que a transmutação da mulher-esposa para mulher-eleita apresenta-se conturbada sem necessariamente ser um Caos instalado. Mesmo porque depois da mudança digerida, a Primeira-Dama sendo as duas mulheres simultaneamente, servida de sua inteligência natural ou aprimorada através dos estudos, do seu capital feminino e do seu capital erótico, e, por fim, do seu comprometimento com a institucionalidade de sua nova função pública.
Deve-se observar, aqui,  que seus próximos passos sejam coerentes com a vida que tem. As mudanças que ocorrerão – pois nada neste mundo é estático -, desta forma ocorrerão com coerência, sutileza e foco.
Por exemplo, identificados comportamentos incômodos no marido, não é um bom negócio tentar mudá-lo em nenhum caso. O fruto do convívio, agora com a Primeira-Dama ciente de que mudanças não são promovidas a partir do passado, mas do presente, essa nova visão passará a ser seu valioso norte. No entanto, quando necessário chama-lo à Terra de volta na condição de pai e/ou marido, faça-o na intimidade do lar, sem se esquecer que na vida pública todos os telhados são de vidro, inclusive o seu.
Já, a condição de marido-político deve ser admitida como uma zona ambígua e tratada como tal, com cuidados extras. Nesse caso, o chamamento para esta condição tem formas diferentes num espectro cruel. Elas vem do self do político à esperança do povo; do controle do Estado à miopia da oposição dissimulada.
Contudo, entendo que a PD deva ser sempre cúmplice do seu marido, nunca sócia dele, sobretudo nos seus desempenhos exercitantes do Poder.
Com cumplicidade e sociedade podem palavras usadas em contextos bem diversos e bem distintos, cabe aqui uma contextualização própria em meus propósitos de orientar as PDs.
A cumplicidade, quando vista do perfil romântico que muitas vezes lhe atribuem, é benéfica até certo ponto. Ou seja, cúmplices de quem amamos nas variadas formas de amar, nunca desprezamos nossos princípios, valores, moral, etc. Supõe-se que, se nos assumimos cúmplices de alguém nesse sentido, é que a pessoa aliada a nós tem sintonia com nosso modo de ver as coisas. Veja bem: sintonia não se confunde com absoluta e irrestrita “concordância” com o que pensamos ou fazemos.
Pois bem, a cumplicidade nesse matiz pressupõe que eventuais desencontros idealistas encaminham o par para o “bom diálogo”, sempre. Todavia, por não haver a tal concordância absoluta e irrestrita inerente ao livre-pensamento e escala de valores de cada um, essa cumplicidade pode ser deteriorada pela “ausência” do diálogo, o que é pior do que uma guerra de nervos entre sexos.
Não existindo o diálogo entre os cúmplices, estão abertas as portas para a mudança de valores numa velocidade e num potencial abruptos, sem que um ou outro perceba. Ocorrida essa mudança de valores, e que tais levem a desastrosos procedimentos de uma das partes, não há que se falar que a cumplicidade não deva ser quebrada. O limite da cumplicidade são nossos próprios princípios, aviltados.
Contudo, convém mencionar que briga de casal não deve influir na cumplicidade mútua, porque mesmo sendo “briga”, o canal do diálogo “ainda” está aberto e passível de reparações. Mas, a ausência dele...preocupa mesmo!
Já, no caso anotado aqui como “sociedade”, o contexto é único. Sendo um tipo de parceria – tanto quanto a cumplicidade, é fato – a PD ser sócia do seu marido no exercício do poder evoca uma condição emprestada do ofício contábil que é uma certa divisão de “lucros”.

Mas atenção, Primeira-Dama, o capital político é indivisível. Não se iluda com lucros superficiais. E quando tal lucro for da ordem das finanças angariadas em suspeitas operações políticas, siga em frente se quiser, mas não se esqueça de que sua consciência vai acompanhá-la por toda a vida. Tal qual a Polícia Federal.

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