segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Adriana Ancelmo Cabral, primeira-dama do estado do Rio de Janeiro é "a dona da casa"

Fernando Lemos
Adriana, 37 anos, na varanda do Palácio Laranjeiras: ela diz que não tem ciúme das fãs de Sérgio Cabral, mas confessa que, de vez em quando, pede "menos simpatia, meu querido"


Por Sofia Cerqueira
Revista Veja Rio


A primeira-dama Adriana Ancelmo Cabral, uma advogada que divide seu tempo entre dois filhos pequenos, o marido governador, as obras sociais do estado e mais de 1 500 processos judiciais sob sua responsabilidade


A Águia pousou. Era março de 2001, e a advogada Adriana Ancelmo aguardava o elevador privativo dos deputados estaduais e dos procuradores, na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). "A Águia está próxima, dirige-se para o hall dos elevadores", alertava um policial pelo walkie-talkie. A ave de rapina, no caso, era o codinome que os seguranças usavam para se referir ao então presidente da casa, Sérgio Cabral Filho. Adriana, que trabalhava como procuradora assessora da Alerj, aproveitou para se apresentar. Subiram juntos no elevador. "A partir daí, o Sérgio começou a arranjar pretextos para ir à procuradoria", lembra Régis Fichtner, na época procurador-geral da Assembléia Legislativa e atual secretário da Chefia de Gabinete Civil. Dois meses depois estavam namorando e um ano mais tarde passaram a morar juntos.

Hoje com 37 anos (aparenta menos), dois filhos e três enteados, a primeira-dama Adriana Ancelmo Cabral divide-se entre a presidência de honra da obra social do estado, o trabalho no seu bem-sucedido escritório de advocacia, que atende a mais de 1 500 processos judiciais, e os afazeres de mãe. Tem um estilo prático e determinado. Em março, ao deparar com um cenário deplorável em instituições para menores infratores, filmou tudo e mostrou ao marido. O resultado foi um projeto de reforma de 5 milhões de reais. Buscou apoio da iniciativa privada para montar oficinas e consultórios nas unidades. Há um mês, para arrecadar recursos destinados ao futuro Hospital da Criança, organizou um show beneficente de Roberto Carlos no Teatro Municipal. Conseguiu 3 milhões de reais. Do tipo mignon, luta contra a balança (1,63 metro de altura e 58 quilos), faz ginástica, tem aulas particulares de inglês e à noite ajuda o filho mais velho, de 5 anos, no dever de casa. "Sou uma primeira-dama com prazeres e desafios de qualquer mulher que trabalha, tem filhos, marido..."

Na casa dos Cabral, quem manda é ela. "Costumo dizer que o Sérgio é governador da porta para fora", assume. Foi Adriana quem não quis se mudar para o Palácio Laranjeiras, residência oficial dos governadores. Ali teria um séquito de arrumadeiras, cozinheiras e empregados. "Quis separar o cargo da nossa vida privada", diz. No dia-a-dia, tem a ajuda de duas empregadas e duas babás. "Ficava imaginando como seria acordar num palácio e não ter liberdade para tomar café de pijama." O casal mora com os filhos Tiago, de 5 anos, e Mateus, de 1, num apartamento de 300 metros quadrados, no Leblon. Decorado em estilo clean, com piso e paredes brancos, telas de artistas como Gonçalo Ivo e Niura Bellavinha e impecavelmente arrumado, é grande mas vive cheio. Cabral tem mais três filhos – João Pedro, de 18 anos, Marco Antônio, de 16, e José Eduardo, de 11 – de seu primeiro casamento, com a advogada Suzana Neves. "Enlouqueço quando se juntam todos, brinco que precisava de uma menina para me defender." Ter mais filhos está fora de cogitação. O governador fez vasectomia. Antes de Adriana, ele ainda foi casado com outra advogada, Marise Rivetti. Este também não é o primeiro matrimônio dela. Antes, viveu sete anos com o advogado Sérgio Coelho, seu sócio no escritório Coelho, Ancelmo & Dourado. Ele freqüenta as festas dos Cabral. A primeira mulher do governador também. "O grau de civilidade é dez", comenta Sérgio Cabral. "Adriana tem grande papel nisso, é uma grande mãe, uma conselheira serena e uma companheira maravilhosa", descreve. Embora não se considere ciumenta, ela admite que, de vez em quando, diante das eleitoras mais atiradas do marido, costuma lhe dar uma dura: "Menos simpatia, meu querido".

Selmy Yassuda
Maurício Contreras
Arquivo pessoal
Polivalente: em seu escritório; no show de Roberto Carlos, com Sérgio Cabral e o enteado Marco Antônio; e com o governador e o cardeal emérito do Rio, dom Eugênio Salles, na comemoração pela eleição do Cristo como uma das novas maravilhas do mundo

"Riqueza", como o governador a chama, e "Meu anjo", como ela o trata, se falam várias vezes ao dia. Além do celular – a ordem dele é interromper qualquer reunião quando o chamado for da mulher ou dos filhos –, trocam e-mails por smartphones (telefone com teclado completo e acesso à internet). Normalmente coisas corriqueiras, em tom carinhoso. "Estou num evento demoradíssimo, te amo!", dizia uma das mensagens dele. Avessa aos holofotes, Adriana prima pela discrição. "Quem tem de ser reconhecido é ele." Levou um susto quando, no início do governo, lhe perguntaram quem iria assinar seu guarda-roupa. Ela mesma vai ao shopping comprar terninhos ou tailleurs, sempre em tons neutros. Suas grifes preferidas são Maria Bonita, no Rio, e a paulista Fafá Oliveira. Não tem um cabeleireiro de plantão, como muitas primeiras-damas. Corta o cabelo na matriz da rede de salões Werner, em Ipanema. Nascida em São Paulo, Adriana é de uma família de classe média "mesmo", como diz. Mudou-se para o Rio com a mãe e a irmã, aos 5 anos, quando os pais se separaram. Com o pai, um pequeno empresário, tem pouco contato. A mãe manteve Adriana e a irmã, Nusia, de 39 anos, assessora do Tribunal de Contas do estado, com uma confecção de roupas. Adriana foi criada em Copacabana e estudou nas escolas Roma e Infante Dom Henrique, ambas públicas. Cursou direito na PUC. "Minha mãe trabalhou muito para pagar", ressalta. "Era uma aluna aplicada, inteligente e perspicaz", lembra o secretário Régis Fichtner, que deu aulas na PUC e a convidou para assessorá-lo na Alerj.

Adriana temia que as funções de primeira-dama e a advocacia fossem incompatíveis. "Tolice", avalia. Acorda às 6h30, põe um filho para a escola, brinca com o outro e se exercita com um personal. Não resiste a um pãozinho francês. Gosta de cozinhar, mas anda sem tempo. Bebe vinho, mas só uma tacinha. Não fuma. "Ameaço o Sérgio dizendo que, se ele não largar o cigarrinho de palha, vou deixá-lo", brinca. Chega às 10 horas ao escritório, em que tem sociedade com o ex-marido e o tributarista Sérgio Dourado. É um andar inteiro, com 700 metros quadrados, num luxuoso prédio, no Centro. O escritório só não atua na área criminal. "Ela sempre fez várias coisas e com objetividade", observa Coelho. "Sou sua fã", declara a socialite Glória Severiano Ribeiro, que participou da organização do show de Roberto Carlos. "Tem uma simpatia e uma firmeza surpreendentes." No evento em prol da construção do Hospital da Criança, que será erguido em Botafogo e tem à frente a médica Rosa Célia, do Pró-Criança Cardíaca, ela fez um plano de patrocínio. Vendeu cotas a empresas e convites aos amigos. "É competente e sem nenhuma arrogância", afirma Rosa Célia. Agora promoverá shows de Maria Bethânia, Lulu Santos e de Xuxa, todos voltados para instituições de menores carentes. "Encontrei a Xuxa num vôo, venci a vergonha e a convidei", conta Adriana. "Aceitou na hora."

Arquivo pessoal
Grande família: o governador, José Eduardo, Adriana com Mateus, João Pedro e Marco Antônio com Tiago

Ela tem uma sala no Palácio Laranjeiras, mas não a usa – freqüenta os suntuosos salões da residência oficial apenas quando há recepções. Despacha do escritório, inclusive os assuntos da presidência de honra da ONG RioSolidário, sua obra social. Lá, imagens de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa chamam atenção: uma na porta, outra na luminária e mais no computador. "Sou devota." Almoça diariamente num restaurante de saladas e anda incógnita pelo Centro. Usa pouca maquiagem. Alguns dias atrás, num evento, escapou incólume do assédio da turma do Pânico na TV. O governador foi cercado para fazer a dança do siri, coreografia criada no programa. Brincou com os humoristas, mas não cedeu. "Difícil tirar o humor do Sérgio." Difícil, não impossível.

– Jantando com as crianças, né? – soltou recentemente uma senhora conhecida da família, enquanto Cabral, a mulher e o primogênito estavam no restaurante Gero, em Ipanema.

– Meu filho João Pedro e a primeira-dama – apresentou o governador.

A tal senhora não ouviu.

– Essa eu vi pequenininha – insistiu, fitando Adriana.

– Só temos sete anos de diferença – disparou ele, visivelmente contrariado, encerrando a conversa.

Adriana e Sérgio Cabral se casaram oficialmente em 2004, num festão para 900 convidados, no Copacabana Palace. O primeiro filho do casal, Tiago, que estava com 2 anos, foi pajem. "É a terceira e última mulher, sou apaixonado por ela", declara ele. Há duas semanas, passaram sete dias em Paris. "Namoramos, namoramos e namoramos", diz ela. Já atravessaram momentos difíceis no governo. Em abril, a segurança foi reforçada após informações de que a família poderia ser alvo do crime organizado. "Encaro naturalmente", garante ela. Para relaxar, passam os fins de semana na casa da família em Mangaratiba, na Costa Verde.

Tentam separar trabalho da vida pessoal. Nem sempre Adriana cumpre o trato, como na ocasião em que levou para casa o vídeo com a situação caótica das instituições de menores infratores. Conseguiu a reforma e montou no Educandário Santo Expedito, em Bangu, projetos de informática, fábrica de fraldas, biblioteca, cinema e consultórios, tudo com o patrocínio de empresas. Pretende repetir a fórmula nas outras quatro unidades do sistema. "O social deve funcionar com recursos da iniciativa privada", afirma. "Visitei uma das unidades imaginando encontrar uma situação horrível e achei uma mulher se dedicando a mudá-la", diz a cineasta Carla Camurati, que fez a seleção das fitas para o cinema do educandário. Adriana ainda está à frente de uma instituição para mulheres vítimas de violência e de um futuro centro para idosos. Vive atribuladíssima. Na sexta retrasada, por exemplo, conciliou a agenda profissional com o batizado do caçula na capela do Cristo Redentor e sua festinha de 1 ano no estacionamento do Palácio Laranjeiras. "Sou uma mãe que vai às reuniões de escola e ajuda nos deveres", diz. "Mas hoje estou arrasada, perdi a consulta pediátrica do Mateus", emenda. Agruras de uma primeira-dama do século XXI.

Roberto Cury
Festa no estacionamento do Palácio Laranjeiras: Adriana, Tiago e Sérgio Cabral no aniversário de 1 ano do caçula, Mateus

Arquivo pessoal
Em Mangaratiba: com o governador, o enteado José Eduardo e o filho Tiago

Gustavo de Oliveira
O casal no batizado de Mateus: Marco Antônio (à dir.) foi o padrinho

Fotos Arquivo pessoal
A primeira-dama aos 5 anos: de uma
família
de classe média, foi criada
em Copacabana e estudou
em
escolas públicas
O casamento, em 2004: festa para 900 pessoas no Copacabana Palace









Fonte: http://veja.abril.com.br/vejarj/290807/capa.html


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Um comentário:

Anônimo disse...

Isso é uma tremenda 171