Por Clarissa Monteagudo
Ela reina na mais popular das lajes da Zona Sul do Rio. Especialista em política de boa vizinhança, Léa Silva, a Tia Léa do Vidigal, já atraiu uma clientela estrelada para seus banquetes emoldurados pela bela vista do alto do Morro do Vidigal. Em março do ano passado, o ex-cônsul da França no Rio, Hughes Goisbault, provou — e aprovou — seu tempero. A casa também virou ponto de encontro de internautas de vários pontos da cidade e do estado, fascinados pelas receitas que Tia Léa publica em seu perfil no site de relacionamentos Facebook.
Mas a banqueteira quer ir além. Como se fosse uma chefe de Estado, Tia Léa recebe até correspondências assinadas por Barack e Michelle Obama. Também guarda como troféus os comunicados do gabinete do presidente francês Nicolas Sarkozy, e da comunicação social do presidente Lula. Ambos agradecem a gentileza do convite para os presidentes conhecerem a laje.
— Imagina fazer uma feijoada para o Obama? Dizem que eu sou louca, mas às vezes sonhos se transformam em realidade. Desde que enviei o convite, recebo e-mails em meu nome vindos da Casa Branca. O último era assinado pela Michelle — diz Léa, de 46 anos, esbanjando intimidade com a mulher de Barack Obama.
Não são só os políticos poderosos que enchem os olhos de Tia Léa. A maior autoridade que ela gostaria de receber na sua laje é o rei das rodas de samba do Rio.
— Fico imaginando Zeca Pagodinho aqui na comunidade, com a latinha de cerveja dele na mão. Eu vivo fantasiando. Mas seria o máximo — sonha Tia Léa.
Na república do Vidigal, a primeira-dama jamais se permite ficar triste. No máximo, Léa faz biquinho e diz: “Estou désolée (desolada)”, como uma francesa. Ela sabe que pode esbanjar pompa e circunstância. Desde os 10 anos, Tia Léa ganha a vida como doméstica. Sozinha, aprendeu as regras de etiqueta quando começou a trabalhar no consulado da França e, depois, na Câmara de Comércio França-Brasil. E hoje vê sua laje derrubar fronteiras entre comunidade e asfalto.
— Na frente, tenho a vista da praia. Atrás, a montanha. Se pintassem as casinhas de branco, o Vidigal ia virar uma Grécia. As pessoas não têm que ter medo daqui. Elas têm que subir e conhecer o que o Vidigal tem e o ue ele precisa — discursa Tia Léa.
Fonte: ExtraGlobo.com
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