“Primeira-dama não é tatuagem.”
Sylvio Carlos Galvão
Antes que sejam entoados protestos ao
subjetivo título deste trabalho por não se referir a mulheres que ocupam outros
cargos públicos ou privados, e também às outras mulheres, quaisquer que sejam
seus papéis na sociedade, vamos nos justificar.
Nosso ponto de vista
inicial não deixa dúvidas; talvez objeções que procuraremos esclarecer
sequencialmente: uma primeira-dama, de qualquer esfera de governo é a mulher
que está mais próxima do centro de decisões políticas, claro, quando não é a
própria mulher que se elege ao posto executivo municipal. E não vem ao caso se
este parágrafo é óbvio ou é suposto. Convenhamos que é o que acontece
regularmente, pois não descremos que outras mulheres devidamente investidas de
funções públicas ou não, possam criar uma esfera de influência pública
impenetrável, também por outro caminho digno que não seja o da política.
Todavia, a política
brasileira através da secular proporcionalidade de gênero nas eleições para os
corpos legislativos e as inúmeras e renitentes estatísticas que secundam o status feminino nas rodas de decisão,
além da hierarquia funcional e aporte salarial desvantajosos em suas
profissões, tudo isso conspira oficiosamente para que a construção daquelas
esferas de influência, assim como sua manutenção, é um caminho oneroso e muitas
vezes solitário para a mulher brasileira. Em especial, as que vivem em pequenos
e médios municípios.
Sendo assim, nessa lógica
pré-fabricada – e nunca nos desviando do caráter público da questão –
insistimos que a primeira-dama é a detentora das maiores possibilidades de
viver “o Poder” intimamente. E aqui, dois motivos lúcidos: a primeira-dama é
eleita amante, pelo líder; e deste a cúmplice, pelo povo!
Agora, um recado para a
mulher que nos lê:
Você pode escolher
qualquer caminho que lhe aprouver para se infiltrar com legitimidade nos
corredores do Poder, e até se manter nele, sob provas de competência,
eficiência e honestidade, mas, se infiltrada pelas vias democráticas do
“primeiro-damado”, suas responsabilidades multiplicar-se-ão, assim como seus
louros de conquistas e pesares nas diversidades. E, no fim (ou no começo)
talvez, dessa união íntima com o Poder, serão perdidas as suas medidas em
relação às alegrias e tristezas que visitarão cotidianamente seu recôndito mais
sagrado: o seu lar.
O Poder coroa, corrói e
condena. Principalmente a mulher que é querida, desejada e temida pelos homens
e pela história da Humanidade.
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