segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Oposição Impessoal da Primeira-Dama ao Chefe do Executivo deve ser um Jogo de Sedução.


 por Sylvio Carlos Galvão

É uma árdua tarefa sustentar alguns pontos-de-vista pouco ortodoxos considerados pela hipocrisia política e pela crítica armada. De qualquer forma, a isto nos propusemos e vamos levar a cabo a tarefa.

"Oposição”, em qualquer sentido no qual se use o termo, suscita uma forma de algo absolutamente contrário ao que é tomado como certo. Mas o que seria o certo? Eis: oposição soa como errado por convenção e conveniência em quase todos os cenários da vida pública.

Pior ainda é a tentativa de conciliar o malfadado termo a uma relação em princípio familiar, e depois, pela proposta desse trabalho, num princípio institucional. Mas, na verdade, talvez o mais difícil não seja expor o caso, mas compreendê-lo. Entendemos por impessoalidade o princípio – inclusive constitucional – de não se diferenciar as pessoas, basicamente tratá-las como iguais em seus direitos e deveres como cidadãos. 

Pois bem. Prefeito e Primeira-Dama, antes de tudo são cidadãos. Maridos e esposas, também, antes de tudo são cidadãos. E, o casamento é um contrato onde não se regulamenta que as opiniões devam ser convergentes para que o contrato seja cumprido na forma da Lei. A liberdade de opinião e expressão também encontra respaldo na Carta Magna de um país republicano como o nosso.

Sem mais rodeios, já é fácil perceber que a Primeira-Dama deve estar “sempre” ao lado do Chefe do Executivo em todas as suas ações de administrador público, sem dúvida, ainda que ele erre feio em algum ato oficial e seja execrado por isso, ela deve estar ao seu lado e, na medida do possível, ajudá-lo a resolver o que tenha que ser resolvido. Já, na condição de mulher e marido, em nome do núcleo familiar, esse apoio deve ser mais intenso, nas agruras e nos louros de qualquer circunstância, exceto uma: o caso de uma imponderável separação do casal por motivos pessoais e não políticos. Desculpem-me pelo ponto-de-vista sórdido, mas casal mandatário que se separa por motivos políticos, vivia um casamento de conveniência, ainda que alguma paixão no início do relacionamento possa ter dado impulso à união. Por tal motivo, e ainda porque a Primeira-Dama atuante vive uma parcela das obrigações politizadas pelo meio em que trabalha, o debate com o marido, Chefe do executivo muitas vezes pode ocorrer, e sinceramente, pode ocorrer sem traumas, através do diálogo.

Por sua vez, esse diálogo pode se dar em duas frentes:  um diálogo concordante que acresce os ideais, ou um diálogo discordante, onde se pode construir novos ideiais. O que é fatal tanto para a dupla marido-mulher, quanto para a dupla Chefe do Executivo/Primeira-Dama, é o cerramento das portas para qualquer diálogo.

O que chamamos aqui de oposição impessoal ao marido se dá quando há o pré-definido diálogo discordante. E essa oposição só toma forma de oposição no sentido de contrariedade um pouco mais séria quando, no caso, a primeira-dama precisa a recorrer a outros interlocutores de gabinete ou do poder legislativo para convencer o marido do ideais que ela tem em mente. Nesses casos, a situação torna-se um pouco tensa sim, isso é previsível, mas faz parte de um jogo que coloca a primeira-dama dentro das rodas de decisão do Poder de qualquer forma. E esse é o intuito deste trabalho. Melhor que não fosse assim, mas se tiver que ser, que seja. Porém, esse caminho só se torna obrigatório a ela quando seu poder de sedução falha.


Entendemos que todo diálogo entre marido e mulher é sobrecarregado de tinturas de sedução de ambas as partes. E por que não se usar algumas pinceladas dessas cores excitantes para se tornar o diálogo concordante mais fácil de fluir. Marido e mulher, Chefe do Executivo/Primeira-Dama, fora dos umbrais palacianos são sedutores e estão sedutíveis a qualquer momento. E é esse momento que torna a palavra “oposição” apenas uma diferença na performance dos casais, em seus momentos mais íntimos e a quem ninguém interessa saber os detalhes de um diálogo que sequer precisa ser falado. 

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