por Sylvio Carlos Galvão
Duas
coisas são evidentes: conseguir o consentimento de alguém para obter ou
realizar algo exige o mínimo de inteligência. Uma segunda evidência é que não é
apenas a necessidade que nos move a buscar algum tipo de consentimento, mas o
desejo de realizar algo que produza benefícios comuns, ainda que a necessidade
não exista assim de imediato. Muitas vezes notamos que havia uma necessidade
suprimida por motivos vários e que ninguém ainda havia atentado para tal.
Para a
Primeira-Dama consciente de seu papel social, essa segunda evidência é muito
importante pois lhe dá destaque. Ou seja, ver o ninguém vê; perceber o que
ninguém percebe; pisar em solo antes nunca pisado, e disso tudo tirar bons
frutos para a comunidade que representa é, no mínimo, digno de reconhecimento
dentro e fora da circunscrição na qual atua.
Muitas
vezes, em muitos lugares, o “Social” de uma Administração Pública limita-se à
assistencialismos e eventos benemerentes. Muitas vezes os administradores, e mesmo
a própria população não veem um mundo de possibilidades que lhes possam render
aumento de arrecadação, no primeiro caso, e qualidade de vida, no segundo. Isso
se dá porque a Administração Pública moderna é quase sempre engessada tanto nos
recursos quanto na doutrina histórica de que administrar é fazer um bom governo
atendendo as necessidades básicas da população. Óbvio que sim, mas não é isto
que se discute aqui: criar, inventar, inovar em direção à mudança de status da
localidade, no caso um município é tão importante – ou mais - para o município
e seus amdinistrados quanto seguir a cartilha republicana do
só-gaste-o-quanto-ganha. Pelo contrário, pode-se ganhar mais inovando sempre,
sem gastar muito. É aqui, neste momento, que se pretende o “mínimo” de
inteligência proposto na primeira evidência antecipada.
Não há
dúvida de que encontros, seminários, visitas, conferências, enfim reuniões de
convergência, seja qual ela for, são ótimas fontes de potencializar a
capacidade de inovação de um município através das pessoas escaladas para o
comparecimento nesses eventos. Secretários Municipais, em geral, devem ser as
pessoas ideais para isso; prefeitos e assessores também, muitas vezes; porém,
sem o mesmo teor de responsabilidade, a participação nesses eventos é quase uma obrigação de uma Primeira-Dama. Primeiro porque nesses encontros o “conhecimento”
está presente e à disposição de quem dele queira tomar posse. Em segundo lugar,
é uma aparição pública da qual não se pode abrir mão – é exposição de imagem.
Em terceiro e último lugar, nesses encontros não se conhecem apenas idéias –
e/ou reclamações – mas, conhece-se gente, gente diferente, gente interessada,
gente inteligente, gente em exposição. Algumas dessas gentes, podem ser um
caro legado do destino a uma Primeira-Dama verdadeiramente atuante, assim como
o inverso também pode – e deve ocorrer. A troca de experiências municipalistas
é mais importante do que qualquer debate de temas pré-fabricados em eventos
como esse. A Informação é o bem mais importante; pessoas têm informação para passar
ou trocar.
Agora,
também convém dizer sobre as idéias originárias de uma mulher que tem o marido
como o centro do Poder. Nenhuma idéia pode ser considerada ridícula, pois idéias
são sementes. E, se a primeira-dama que teve uma idéia não se sentir
confortável para apresentá-la ao marido – sempre antes de apresentar para outra
pessoa pública -, deve recorrer a seus assessores mais próximos e de confiança
para lhe ajudarem no amadurecimento da ideia. Porém, por uma identidade pessoal
que temos com a relação eleito-eleita, confiamos na boa produtividade de uma
conversa informal sobre “ideias” da esposa com o marido, longe dos portais
palacianos, pois, na maioria das vezes, entendemos que deva haver cumplidade do
casal in totum, e, se esta não
houver, está aí mais um desafio para uma Primeira-Dama vencedora: conquistar a
cumplicidade do marido, a qualquer preço!
Nesse
percurso, voltamos a questão do consentimento, pois até mesmo a cumplicidade
exige uma certa dose de consentimento de ambas as partes.
Em tempo: o termo e o conceito moderno da Engenharia do Consentimento foi disseminado pelo dr. Walter Félix Cardoso Júnior, que em 2001, publicou um
artigo sobre o assunto. O dr. Félix é membro da ABRAIC-Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva.
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