sábado, 27 de novembro de 2010

Cristine Paes: engenheira, mãe e primeira-dama

A discreta Cristine Paes, primeira-dama da cidade do Rio de Janeiro, leva as crianças à escola, gosta de cozinhar, faz ginástica, é fã de Fábio Jr. e sente falta do marido. "Já estou acostumada. Ele só pensa em trabalho"

Por Sofia Cerqueira - Veja Rio


Foto:Fernando Lemos
Cristine, 32 anos, e o casal de filhos, Bernardo, 5, e Isabela, 4

A noite prometia. Depois da maratona de campanha e de meses em que mal viu o marido, a idéia era comemorar o aniversário de seis anos de casamento com um jantar romântico. Se ao fundo tocasse a música Caça e Caçador, cantada por Fábio Jr., uma das preferidas do casal, melhor ainda. Tudo caminhava bem. À meia-noite do dia anterior, Cristine Assed Paes, 31 anos, havia sido acordada pelo marido, o prefeito eleito do Rio Eduardo Paes, 39, com uma surpresa: uma bela aliança de ouro branco. Durante o dia, ela ficou com as crianças, Bernardo, de 4 anos, e Isabela, de 3, e ele foi à Vila Olímpica da Mangueira anunciar mais um secretário de governo. No início da noite de 29 de novembro, o casal marcou presença na inauguração da árvore de Natal da Lagoa e dali partiria para a tão esperada comemoração a dois. Partiria. O jantar virou uma reunião a seis. Acabaram no restaurante Fasano Al Mare com o governador Sérgio Cabral e a mulher, Adriana Ancelmo, o irmão de Paes, Guilherme, e a cunhada Sílvia. "Já estou acostumada", resigna-se Cristine. "Desde que o conheço, ele só pensa em trabalho." A nova primeira-dama da cidade, uma engenheira elétrica criada no Leblon, atualmente faz faculdade de arquitetura. Parou de trabalhar quando virou mãe, evita usar saia curta para não contrariar o marido, a quem chama de Duda, não o questiona sobre as críticas que saem nos jornais e, com seus conhecimentos profissionais, é ela quem lê manuais de eletrodomésticos e mexe nos disjuntores da casa. Assim, ao Eduardo Paes assumir a prefeitura, seu desejo era fazer trabalhos sociais. "Não sou política", frisa. "Quem tem de aparecer é o Duda", disse Cristine dias antes da posse de Paes.

Ao pisar na residência dos Paes, uma casa de dois andares num condomínio da Barra, percebe-se o aroma de pão de queijo fresquinho. "É caseiro", ressalta a anfitriã, vestida com calça jeans, camisa azul-marinho, sapatilhas rasteiras e cabelos ligeiramente clareados por luzes. "Sou totalmente básica", define-se. "O Duda não gosta de roupa muito colorida, nem que eu use salto e chame atenção. Deve ser porque já sou meio grande, né?", pondera ela, que tem 1,73 metro de altura (Paes mede 1,81) e diz estar um pouquinho acima dos 66 quilos que considera ideais. Exímia dona-de-casa, ela é do tipo que deixa uma cestinha no lavabo com uma infinidade de remedinhos para qualquer mal-estar dos visitantes. A sala, com piso de porcelanato, material que lembra mármore bege, e paredes creme, é decorada com vasos de cristal presenteados no casamento e porta-retratos com fotos da família. Dali se avista o jardim com um coqueiro, piscina e balanço de plástico.

Vida em família

Fotos Arquivo pessoal
Longe dos palanques: num dos momentos de folga de Paes, a família passeia de pedalinho, em Teresópolis (à esquerda); e a foto do casamento, em novembro de 2002

Infância no Leblon: Cristine, posando aos 3 anos, estudou no Teresiano, fez intercâmbio na Inglaterra e engenharia na Uerj

No laboratório de maquetes do curso de arquitetura

Não há um único quadro na parede. "Gosto do estilo clássico com um toque contemporâneo e cores pastel", descreve ela, que cursa o sexto período de arquitetura na Universidade Gama Filho, na Barra. Cristine ainda não decidiu se a família irá para a Gávea Pequena, residência oficial do prefeito do município. "O Duda fala em morar lá", conta. "Vou visitar e ver se a estrutura é boa para as crianças." Diariamente, em época de aulas, leva os filhos à Escola Suíço-Brasileira, também na Barra, à natação, à ginástica, a festas... No meio-tempo, vai à faculdade e faz ginástica, "um treinamento superfeminino, que não me deixa musculosa".

Sua rotina, depois da posse, deve ir além do mundo infantil. Ela, que se formou em engenharia na Uerj e deixou o emprego em Furnas quando o filho nasceu, quer voltar a trabalhar. "Sou o tipo de mãe que dá banho com água fervida até 1 ano", assume. "A babá, no início, foi só enfeite. Não largava meus filhos." Agora planeja estagiar em arquitetura. O trabalho social também está nos planos. "Quero lidar com crianças e idosos", afirma. Em qual instituição? "Hummm, não sei o nome. Ainda não visitei", diz, com a sinceridade dos inexperientes na máquina administrativa. Cristine se espelha na primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo. "Ela concilia a advocacia e a obra social e tem dois filhos como eu." A mulher do governador, por sua vez, diz que já lhe deu conselhos. "Digo a ela para usar a sensibilidade e procurar a ajuda de uma pessoa técnica", conta. "A Cristine é meiga, tranqüila, o ponto de equilíbrio do casal."

Neste ano, com Paes em campanha, dedicou-se a distrair as crianças. Foi a quase todos os teatrinhos e filmes infantis. Com o marido, só conseguiu ir ao cinema duas vezes. Em ambas, com a família Cabral. "Sou romantiquinha", diz. O filme preferido: A Noviça Rebelde. "O Duda também gosta", revela. Em casa, tem um CD com as canções da família Von Trapp. Não por acaso, uma das músicas do seu casamento foi Edelweiss, que faz parte da trilha sonora da peça e da fita. Cristine diz que está numa fase em que não lê muito, mas terminou há pouco Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, recomendado pela faculdade. Jornal? Responde que lê, mas que não questiona o marido sobre críticas que lhe fazem. "Coitado, as pessoas já fazem isso o dia inteiro. A casa tem de ser um território neutro, onde ele não precise ficar dando satisfação."

Paes e a mulher se conheceram em 1998. Era Dia das Mães e o então candidato a deputado federal distribuía rosas numa praça do Leblon. Cristine, a irmã Priscila, um ano mais nova, e o namorado dela, Fábio Neri (primo do político), conversavam. "Você não tem cara de mãe, mas é para você", galanteou Paes. Ao ser apresentado, achou que tinha cometido uma gafe. Entendeu que ela era a namorada do primo. O primeiro encontro aconteceu só seis meses depois, num bar de música ao vivo. "Tocava aquela música do Caetano: ‘Quando a gente gosta, é claro que a gente cuida...’", cantarola. Ficaram noivos no restaurante Le Saint Honoré, no antigo hotel Meridien. De surpresa, Paes tirou a aliança do bolso. "Ela chegou toda feliz em casa, dizendo que estava noiva", lembra seu pai, o engenheiro Paulo Assed. A mãe é psicopedagoga. "Não está, falta ele me pedir sua mão", afirmou-lhe o pai. Paes fez tudo como manda o figurino. "No dia do casamento, estava um trânsito louco", lembra a estudante de pedagogia Fabiana Peres, uma das madrinhas. "Eduar-do atrasou uma hora e Cris chegou logo depois." O enlace aconteceu na Igreja São Francisco de Paula, no Centro. A noiva vestia um modelo de Madalena Salim – estilista encarregada do vestido de xantungue cinza que usará na posse. Emocionado, o noivo chorou durante boa parte da cerimônia. A lua-de-mel foi em Paris. "Foram oito dias. Com ele é tudo expresso", diz ela, que chegou a romper o namoro por causa da falta de tempo dele. "Não sou exatamente um sujeito com a vida simples e ela é a melhor companheira do mundo. Serena, tranqüila", descreve Paes. "Temos um pacto velado de não falar de política, mas a Cris é superconselheira nos momentos difíceis."

A vida pública preocupava a família de Cristine. "Sabíamos que ele seria um pouco ausente, como todo político. Mas confiávamos em que ela administraria isso bem", diz o pai. "O Eduardo sabe que pode sair tranqüilo porque em casa ela resolve tudo", reforça a dermatologista Karla Assed, prima de Cristine. Ex-aluna do tradicional Colégio Teresiano, na Gávea, e ex-nadadora do Monte Líbano, ela fez intercâmbio na Inglaterra e adora preparar doces, como musse de chocolate. Não se intimida em pegar uma chave de fenda para realizar consertos em casa e diz ter "se encontrado quando teve filho". Na maioria das vezes, já está dormindo na hora em que o marido chega. Paes se deita tardíssimo e antes das 6 horas está de pé. "Muitas vezes ele fala comigo e nem escuto", confessa. Sem o marido por perto, já passou por sufocos. Em 2006, assim que Paes saiu para o debate da TV Globo, durante a corrida eleitoral pelo governo do estado, a filha, Isabela, bateu a cabeça numa quina. "Não podia avisá-lo porque ficaria nervoso", explica, lembrando que a menina precisou tomar anestesia geral para fazer ponto de plástica na sobrancelha. Paes soube horas depois.

Na campanha à prefeitura, Cristine se manteve longe dos holofotes. Foi a algumas reuniões e a poucos atos públicos, como uma caminhada em Copacabana. "Assim que saímos do carro, Bernardo perdeu a máscara de homem-aranha e não parou mais de chorar", recorda. "Ele é introvertido, Isabela é despachada." Ainda no primeiro turno, com seu rosto pouco conhecido, ela foi ao Saara comprar brindes para o aniversário do filho. "Demos de cara com a comitiva do Molon, ele nos cumprimentou e os simpatizantes tentaram colar adesivos na gente", conta Adriana Marinho, mulher do joalheiro Lisht Marinho, que a acompanhava, referindo-se a um dos adversários de Paes, o petista Alessandro Molon. Ela reagiu com bom humor e defendeu o marido-candidato. Cristine só divergiu dele politicamente ao defender o presidente Lula quando eles eram adversários, em Brasília. A história chegou aos ouvidos de Lula, que na época quis conhecer a mulher de Paes. Já se encontraram, mas ninguém tocou no assunto. Desde o dia da posse de Paes n aprefeitura do Rio, a nova primeira-dama carioca divide-se entre a função social, os compromissos com o marido e um novo trabalho. Tudo sem deixar de lado o seu mandato preferido, o de mãe.

Tudo pelo marido

Fotos Fernando Lemos
Na sala de sua casa, na Barra da Tijuca


Companhia constante: Paes e a mulher foram à inauguração da árvore da Lagoa com Sérgio Cabral e a mulher, Adriana Ancelmo. Os dois casais também costumam ir ao cinema juntos


Fonte: Matéria publicada na revista Veja Rio, edição dez. 2008
Para este post, apenas houve alterações que se referiam a tempos verbais. Não se alterou o conteúdo e as opiniões dos entrevistados, tampouco da repórter Sofia Cerqueira, da Veja Rio.

4 comentários:

Anônimo disse...

achei muito legal,pq não faz um da primeira dama adriana cabral,já que comenta sobre ela que cuida do rio solidário e da familia!seria muito interessante.

Arqueiro disse...

Obrigado pela sugestão Anônimo das 16h47....se tiver agum material que contribuir pode enviar que completamos a matéria. Obrigado por seguir nosso incipiente blog

Forte abraço

Sylvio Carlos Galvão
Editor

Anônimo disse...

Hoje com 37 anos (aparenta menos), dois filhos e três enteados, a primeira-dama Adriana Ancelmo Cabral divide-se entre a presidência de honra da obra social do estado, o trabalho no seu bem-sucedido escritório de advocacia, que atende a mais de 1 500 processos judiciais, e os afazeres de mãe. Tem um estilo prático e determinado. Em março, ao deparar com um cenário deplorável em instituições para menores infratores, filmou tudo e mostrou ao marido. O resultado foi um projeto de reforma de 5 milhões de reais. Buscou apoio da iniciativa privada para montar oficinas e consultórios nas unidades. Há um mês, para arrecadar recursos destinados ao futuro Hospital da Criança, organizou um show beneficente de Roberto Carlos no Teatro Municipal. Conseguiu 3 milhões de reais. Do tipo mignon, luta contra a balança (1,63 metro de altura e 58 quilos), faz ginástica, tem aulas particulares de inglês e à noite ajuda o filho mais velho, de 5 anos, no dever de casa. "Sou uma primeira-dama com prazeres e desafios de qualquer mulher que trabalha, tem filhos, marido..." oi encontrei isso numa entrevista que ela deu para a revista veja só que foi no ano de 2007 rs. tem outros assuntos de que ela falou tbm!o site é www.veja.abril.com.br/vejarj/290807/capa.html

Arqueiro disse...

Bom dia Anônimo das 10h30

Muito obrigado pelas informações sobre a referida primeira-dama. Vou pesquisar o assunto para postar aqui, e, acredite que sua colaboração foi muito importante para nós.
Forte abraço

Sylvio Carlos Galvão
Editor